terça-feira, 7 de junho de 2011

Ensaio sobre a hora do adeus

Dentro de um estádio de futebol, boa parte da beleza do espetáculo vem do público. Não era diferente naquela ocasião. No Engenhão abarrotado de gente, todos cantam, todos incentivam, todos enaltecem o grande responsável pela festa: um astro de renome internacional, acostumado desde sempre a apresentar seu talento diante de plateias gigantescas.

O astro, por sua vez, retribui com demonstrações generosas de seu talento. Tudo o que ele faz dentro daquela estádio é para os fãs, não para si próprio. Cada parte do repertório faz com que todos se levantem de seus assentos, e, ao se levantarem, mais os fãs têm certeza de que estão diante de um verdadeiro showman.

A festa é tão grande que ninguém parece se lembrar que aquela apresentação é uma das últimas da carreira do nosso protagonista. Ele ainda está numa forma incrível – melhor até do que a de seus companheiros, que, diga-se de passagem, estão longe de serem ruins –, mas a idade avançada o obriga a se aposentar em breve. Exatamente por isso, tanto o público quanto o astro tentam tirar o maior proveito possível daquele evento. Em breve, eles ficarão apenas na lembrança. Ou nos DVDs.

Ok, confesso: não estou falando da partida de despedida de algum jogador específico, mas do último show em solo brasileiro de um ilustre torcedor inglês do Everton chamado Paul McCartney (show, aliás, que eu e meu nobre amigo Guilherme Pedrosa estávamos combinando de ir desde 2008 e não passamos nem perto). Mas essa descrição também cabe perfeitamente à última partida de Petković, disputada nas mesmas condições poucas semanas depois. O sentimento de quem esteve lá era idêntico.

A questão é: nós, fãs, temos o hábito de cultivar a ilusão de que nossos ídolos estarão lá pra sempre. Poucos são os que se preparam para vê-los saindo de cena. E nenhum admite a hipótese de relegar a contribuição dele para a história de seu clube ou seleção ao esquecimento.

Sábado, foi o Pet. Semanas antes, de uma tacada só, o Manchester United viu Van der Sar, Gary Neville e Paul Scholes pendurarem as chuteiras. Ano retrasado, Maldini, no Milan. E, antes deles, gênios do quilate de Zidane, Figo, Nedved e Romário, entre inúmeros outros.

Aliás, enquanto finalizo estas linhas, começa a despedida de mais um: Ronaldo Fenômeno.

E nós que nos preparemos: daqui a pouco vai chegar a hora da aposentadoria de mitos como Rivaldo, Roberto Carlos, Marcos, Rogério Ceni, Alex, Ronaldinho Gaúcho, Henry, Beckham, Giggs, Raúl, Buffon...

E, claro, o Paul McCartney.

0 comentários:

Postar um comentário

 
Jornalheiros E. C. | by TNB ©2010