quinta-feira, 5 de maio de 2011

“Crônica F.C.” – Toda soberba foi penalizada (te cuida, Santos!)

(Colaboração de Igor Dias Pinto)

Nota inicial: foi a conta de eu abrir o Word pra redigir um post sobre a tragédia brasileira na Libertadores e ver um e-mail do meu brother Igor Dias Pinto com o texto pronto. Tenho o prazer de publicar algo que certamente resumiria uma de nossas possíveis conversas nos corredores da faculdade, se fosse há alguns semestres atrás. Espero que vocês gostem.

Entra ano, sai ano, e todos os clubes brasileiros são favoritos à conquista da América. As torcidas acreditam piamente que os times daqui são melhores do que os times de qualquer outro país sul-americano e do México. Não há nada de mal nisso – afinal de contas, o papel do torcedor é acreditar sempre, e, mesmo sem conhecer os futuros adversários estrangeiros, continuamos nos considerando os melhores.

O problema desta presunção é quando os atletas têm a mesma consciência de seus torcedores e, diante da oportunidade de liquidarem determinada partida, como aconteceu na primeira rodada das oitavas de final da Libertadores – principalmente com Internacional e Cruzeiro –, não perpetram.

As eliminações desses dois, aliás, certamente protagonizaram as maiores decepções. Ambos deram seus adversários como mortos diante dos bons resultados conquistados em território inimigo e mesclaram displicência e nervosismo durante partes de seus embates de volta.

Nos casos de Fluminense e Grêmio, a situação era bem diferente. O time gaúcho, carente em criatividade no meio campo, qualidade nos avanços pelo lado esquerdo e na marcação pelo direito, perdeu em casa e sua eliminação não assusta. O Tricolor carioca é outro que não iludiu seu torcedor, apenas adiou o sofrimento. Classificou-se para as oitavas heroicamente, após o fraco desempenho na primeira fase, e no mata-mata não demonstrou força. O placar conquistado no Rio de Janeiro contra o Libertad não representou a verdade do jogo que foi restabelecida no confronto de Assunção.

Até o talentoso Santos, único brasileiro “sobrevivente” desta edição da Libertadores, sofreu para eliminar o América mexicano. A fórmula mágica de Muricy Ramalho tão falada após o clássico San-São, não deu certo na América do Norte e os meninos da Vila têm que agradecer ao contestado goleiro Rafael pela classificação.

Diante da melancólica apresentação nacional, temos que repensar o favoritismo brasileiro. Nossos times são melhores POR QUÊ? Revelamos tantos bons jogadores quanto os outros nove países que possuem representantes no torneio. Digo “bons”, porque “craques”, aqueles capazes de conquistarem títulos carregando o time às costas, são poucos.

Temos vantagens claras, a moeda forte e a profissionalização futebolística que, principalmente nos últimos cinco anos, foi responsável pelo repatriamento de vários bons jogadores, e alguns ex-craques, que haviam deixado o país para ganhar a vida na Europa, no Japão e no Oriente Médio, como Ronaldo, Ronaldinho Gaúcho, Adriano, Rivaldo, entre outros.

Mas existe um fato que pesa e muito, muito contra nós, brasileiros. Os hispânicos mantêm um constante e saudável intercâmbio de jogadores, haja vista que os grandes craques do futebol brasileiro dos últimos anos, Conca e Montillo, vieram jogar no Brasil após se destacarem no futebol chileno, e tal relação se repete em vários outros times do Paraguai, Peru, Uruguai e Argentina.

Os grandes times do Boca Juniors eram recheado de paraguaios e colombianos, a Liga Deportiva Universitária, do Equador, no seu ano de glória, 2008, possuía em seu elenco, três argentinos, Norberto Araujo, Claudio Bieler e Damián Manso, o craque do time, além do paraguaio Enrique Vera. Outro exemplo é o caso do argentino Juan Manuel Iturbe, cujo primeiro clube foi o Cerro Porteño. O atleta foi recentemente vendido ao Porto, de Portugal, dando um ótimo retorno financeiro aos paraguaios.

Esta explanação não é uma apologia à importação de jogadores, mas sim uma luz a clarear a visão dos times do Brasil com relação ao futebol jogado nos países fronteiriços. Reitero: não se trata apenas de encher os clubes brasileiros de sul-americanos, mas sim de fazer contratos com jogadores de destaques em suas equipes quando ainda estão nas categorias de base – e aí sim, com maior poder de compra, sermos realmente os conquistadores da América.

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