domingo, 5 de dezembro de 2010

“Crônica F.C.” – Tricolor de coração

Agora que finalmente sabemos quem é o campeão Brasileiro de 2010, o protocolo jornalístico diz que precisamos escolher um personagem para simbolizar a conquista do Fluminense. E, diga-se de passagem, candidatos não faltam.

Por exemplo, o Fred. Enquanto não esteve no departamento médico, foi decisivo para o time desde que chegou – seja livrando o tricolor do rebaixamento em 2009, seja comandando o ataque na reta final esse ano.

Ou talvez o Sheik, que, ao marcar o gol do título, se sagrou bicampeão, já que esteve no Flamengo na edição anterior.

Não podemos esquecer o Conca, o único jogador de linha a disputar TODAS as partidas do certame, e com uma regularidade que o coloca entre os melhores do campeonato (se não o melhor).

Mariano, que saiu chutado de quase todos os clubes em que jogou, mas deu a volta por cima esse ano e chegou à seleção.

Washington, que não faz gol há 15 jogos, mas que quis trocar, de bom grado, a artilharia do torneio pelo título.

Deco, que, depois de 10 anos na Europa – ganhando tudo quanto é título –, retornou ao futebol brasileiro ganhando o maior salário do país e, mesmo não rendendo tanto quanto esperado, acabou campeão.

E tem também o Belletti, que, como bem lembrou nosso colega Dany Starling, foi campeão inglês pelo Chelsea e brasileiro no mesmo ano, praticamente sem entrar em campo!

Todos esses, e mais alguns que me fogem à memória, obviamente contribuíram de uma forma ou outra para o triunfo do Fluminense. Mas creio que nenhum deles combina tanto com os versos a seguir quanto o técnico Muricy Ramalho:

Sou tricolor de coração
Sou do clube tantas vezes campeão

Se tratando do Muricy, isso vale também para o outro tricolor em que fez história: o São Paulo, onde de fato foi tantas vezes campeão.

Quase foi campeão, também, no Palmeiras – e só não foi, principalmente, por conta de problemas com a diretoria que acabaram interferindo no desempenho do time. Apesar de liderar boa parte do Brasileirão de 2009, perdeu fôlego na reta final e acabou apenas em 5°.

Mas e no tricolor carioca? Demitido do verdão, Muricy chegou às Laranjeiras em abril, e, em julho, foi convidado pela CBF para ser técnico da seleção brasileira. A resposta?

"Se o Flu não liberar, eu não vou".

Querer, é lógico que queria. Mas Roberto Horcades, presidente do Fluminense, não quis deixar. Provavelmente, qualquer outro técnico ficaria revoltado, mas o obediente Muricy reagiu com indiferença.

Fascina pela sua disciplina
O Fluminense me domina
Eu tenho amor ao tricolor

Tudo isso para seguir à frente de um clube que, após quase ser rebaixado no ano anterior, investia pesado para voos mais altos em 2010. Que, após vencer uma Copa do Brasil, sofreu sucessivos vexames – vice da Libertadores, da Copa Sul-Americana e com campanhas pífias no Brasileirão. E que carrega o triste estigma de ser o único grande carioca com passagem pela Série C. Valia à pena?

Salve o querido pavilhão
Das três cores que traduzem tradição
A paz, a esperança e o vigor
Unido e forte pelo esporte
Eu sou é tricolor

Valia. Melhor time do primeiro turno, passou a reta final se revezando ente a 1ª e a 3ª posição com Corinthians e Cruzeiro. E ter um técnico eficiente e competente, àquela altura da competição, faz TODA a diferença. Um técnico que saiba que, no final, vencerá o mais regular.

Vence o Fluminense
Com o verde da esperança
Pois quem espera sempre alcança
Clube que orgulha o Brasil
Retumbante de glórias
E vitórias mil

Regularidade é o nome do meio de Muricy Ramalho. Tanto que, dos últimos cinco campeonatos nacionais, ele venceu quatro – e, antes disso, ainda foi vice-campeão com o Inter, em 2005. E essa regularidade é que manteve o time no topo, a despeito dos erros de arbitragem a favor do Corinthians e da excelente campanha de visitante do Cruzeiro (não que esses dois times estivessem no topo só por isso, mas enfim... não vem ao caso, hoje).

Vence o Fluminense
Com sangue do encarnado
Com amor e com vigor
Faz a torcida querida
Vibrar com emoção
O tricampeão

Parabéns ao Fluminense, o justo campeão de 2010.

E, sobretudo, parabéns ao Muricy, o melhor técnico brasileiro da era dos pontos corridos.

4 comentários:

Mário Gomide disse...

Texto bem feito. Mas não dá para esquecer o Timão nunca né ?!
hahahaha
Depois os torcedores reclamam que a imprensa só fala do Corinthians. Mas o Corinthians é o maior assunto até nos outros clubes e com os torcedores adversários, aí fica difícil.

O Fluminense conseguiu somar mais pontos e já era. E nisso o Muricy é excelente, mas não gosto da forma que o time joga e nem vejo esse futebol "maravilhoso" nesse time do Fluminense.

Cruzeiro e Corinthians, na minha opinião, apresentaram um futebol melhor, mais ainda o Cruzeiro. Mas futebol é isso.

Tomara que um dia volte o mata-mata.

6 de dezembro de 2010 às 14:03
Mário Gomide disse...

E o Timão que segundo muitos torcedores tinha comprado o campeonato acabou em terceiro e ninguém falou mais nada, cada uma hahaha.

6 de dezembro de 2010 às 14:03
Matheus Killer disse...

Lógico que não dá pra esquecer, Mário, ainda mais quando o outro texto é meu também! Hahahahahahaha.

Sobre o Timão comprando o campeonato, eu poderia responder com a infame piadinha de que vocês deveriam procurar o Procon (já que comprar o campeonato não deu certo xD), mas, como disse outro dia e reafirmo agora, sustento que isso tudo não passa de lenda, e que o problema era a ruindade dos juízes mesmo. Portanto, repasso a pergunta para meu nobre colega Gabriel Gama.

E, por fim, devo dizer que eu realmente prefiro os pontos corridos do que o mata-mata =P

Grande abraço e obrigado pela participação!

6 de dezembro de 2010 às 17:58
Mário Gomide disse...

Matheus, não foi indireta para vocês não. É que vi muita gente falando de campeonato comprado e etc em vários lugares. E no fim vimos que não passou de um erro (ou não) da arbitragem, assim como acontece nas 38 rodadas do campeonato brasileiro.

Grande abraço e sempre estou lendo aqui !

6 de dezembro de 2010 às 19:49

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