sábado, 3 de dezembro de 2011

“Aberrações futebolísticas” – Clássico Freakshow



Venhamos e convenhamos: 2011 foi um ano terrível para o futebol mineiro. Exceto pelo Tupi, que foi campeão da Série D em cima do Santa Cruz, e pelo Ipatinga, que conseguiu o acesso para a B, ninguém no estado teve muito o que comemorar – sobretudo os times que disputaram a primeira divisão. Todos passaram boa parte do campeonato lutando contra o descenso, sendo que o América já está matematicamente rebaixado, o Atlético escapou nos momentos finais e o Cruzeiro vai tentar se salvar na última partida, exatamente contra seu maior rival.

Em “homenagem” ao clássico do próximo domingo, o Jornalheiros Esporte Clube imaginou uma partida fictícia entre os piores jogadores de Cruzeiro e Atlético desde o ano 2000. Porém, como a lista de candidatos ficou muito grande, adotamos alguns critérios para montar as duas seleções (?). Assim, não relacionamos atletas que:

1. tenham atuado menos de 10 partidas por algum dos clubes (Cribari, Brandão, Nêgo, Tesser, Jorge Luiz...)
2. tenham sido convocado alguma vez na vida por qualquer seleção de ponta (Carini, César Prates e Catanha se livraram, mas Espinoza não)
3. tenham obtido destaque relevante em algum clube grande do Brasil ou da Europa (Danrlei, Amaral, Diego Souza, Élber, Rivaldo, Rincón, Edmundo...)
4. sejam o Lopes Tigrão ou o Adriano Chuva (escalar em um dos times seria "sacanagem" com o outro, porque ambos estão entre os piores de todos os tempos dos dois lados).

Confiram, a seguir, o clássico mineiro mais bizarro da história!

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Projeto original de Matheus Killer, Igor Dias Pinto e Danilo de Castro. Colaboraram Guilherme Pedrosa, Gabriel Gama e o pessoal do grupo “Momentos Épicos do Futebol” do Facebook.

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A falta de um estádio em Belo Horizonte complicou a vida dos três times da capital em 2011. Com o Mineirão em obras para a Copa de 2014 e o Independência em reformas, restou a eles mandarem seus jogos na Arena do Jacaré, em Sete Lagoas. Porém, como será este o palco do clássico de amanhã, o amistoso entre os piores times de Cruzeiro e Atlético teve de ser transferido para o Castor Cifuentes, em Nova Lima.

Assim que os jogadores aparecem no (terrível) gramado, algo curioso acontece: para muitos deles, provavelmente era a primeira vez na carreira que entravam em campo sem receber vaias. Isso porque havia no máximo umas vinte pessoas no acanhado estádio do Villa Nova, mesmo contando os jornalistas, os vendedores de picolé e o zelador.

E, com a mais absoluta paz reinando nas arquibancadas, o juiz Márcio Eugênio Meira Wrong dá início à partida.

Como esperado, o jogo começa apertado, com direito a muitos erros de passe e verdadeiras demonstrações de futebol-arte no meio de campo. No caso dos cruzeirenses Bruno Quadros, Marabá, Leandro Bomfim e Bruno Soneca, arte abstrata; já para os atleticanos Walker, Rolete, Gedeon e Bilu, arte marcial – seja para brigar com os adversários ou com a bola.

Aos 20 minutos, o primeiro lance polêmico: Diego Macedo chegou à linha de fundo, cruzou e a bola passou longe de qualquer coisa no estádio, mas o juiz Wrong marcou pênalti de Jancarlos no atacante Galvão e deu cartão vermelho direto para o lateral cruzeirense. Na cobrança, Bilu fez 1x0.

A resposta celeste veio cinco minutos depois. Pelo lado direito do ataque, Wando – que, segundo seu empresário, era um “Robinho misturado com Garrincha melhorado” – driblou Calisto, olhou para a área e viu o zagueiro atleticano Nem sozinho contra dois adversários. No cruzamento, a bola passou por Robert e encontrou a cabeça do companheiro de Nem, Adriano. Também conhecido como Adriano Gol Contra. Este, fazendo jus ao apelido, empatou, sem chance para Edson.

Depois do gol, o técnico PC Gusmão pensou em fazer uma substituição para cobrir o espaço deixado pela expulsão de Jancarlos, mas, pensando bem, ele era tão ruim que, exceto pelo pênalti, sua ausência não estava fazendo a menor diferença.

O jogo permaneceu morno, quase esfriando, até os 37 minutos, quando Leandro Bomfim disputou uma bola com Jales. Só que a bola veio rasteira e Bomfim acertou o rosto do atacante alvinegro com o pé. No meio da confusão e do empurra-empurra, Walker ainda acertou uma voadora em Bomfim. Cartão vermelho para os dois.

Aos 42 minutos, o lateral-esquerdo Patrick tentou recuar uma bola para a defesa e errou o passe. Até aí, nada de anormal, porque Argel foi atrás para recuperar. Mas Gedeon acreditou no lance e correu, dando uma arrancada de trás do meio-campo. Argel, a três metros da bola, não conseguiu (!!!!!) acompanhar o camisa 10 do Galo, que invadiu a área. Na sequência, o goleiro Andrey saiu para fechar o ângulo, mas, ao ver o zagueiro Espinoza se aproximando, deixou a bola passar. O problema é que Espinoza ficou parado, deixando Gedeon livre para fazer 2x1.

A partida estava tão chata que a torcida nem reparou que o primeiro tempo tinha acabado e os times já estavam voltando para o segundo.

O Cruzeiro retornou com duas alterações: Elicarlos e Gerson Magrão no lugar de Wando e Patrick. Com o time precisando reagir, cada um ia jogar numa lateral, embora de fato atuassem no meio-campo. Vai entender...

Mas quem começou a etapa final com tudo foi o Atlético. Após horrorosa troca de passes entre Jales, Bilu e as canelas de Bruno Quadros e Marabá, a bola sobrou para Galvão na entrada da área. Ele viu que Argel e Espinoza cercavam, mas, como também não avançavam para lhe tomar a bola, resolveu chutar. De bico. Andrey também ficou indeciso sobre pular ou não e tomou um frangaço. 3x1.

Enquanto isso, PC Gusmão foi à loucura. Imaginava que alguma coisa precisava ser feita, mas não sabia o quê. É o tipo de coisa que acontece quando você olha pro banco e vê Alexandre Fávaro, Vítor, Eliézio, Fernando Miguel e Adriano Louzada.

Contudo, a reação celeste já começava a se desenhar. Gerson Magrão chutou de longe, Edson espalmou mal e a bola sobrou para o centroavante Robert dentro da pequena área. “Boa bola!”, berra o locutor. Mas não existe “boa bola” para Robert, já que ele faz questão de estragar todas. O chute saiu completamente torto, mas felizmente – para os poucos cruzeirenses que estavam acordados – bateu no peito do decisivo matador Adriano Gol Contra. 3x2.

Nisso, o técnico atleticano Lori Sandri resolveu anular as principais armas que os cruzeirenses tinham naquele momento, e substituiu as duas: Edson e Adriano. Juninho e Rancharia entraram em jogo.

Aos 29 do segundo tempo, o zagueiro Nem resolveu manter sua média de um pênalti e um cartão vermelho por partida, e derrubou o inofensivo Bruno Soneca dentro da área. Quem bateu foi o próprio camisa 10 cruzeirense, tido no começo da carreira como o substituto de Ronaldinho Gaúcho no Grêmio.

Mas, a essa altura, a torcida já nem tinha mais paciência para assistir tamanho futebol de várzea, de modo que todos já tinham ido embora quando Juninho defendeu a cobrança.

PC resolveu apelar e colocou Adriano Louzada no lugar de Bruno Soneca. Lori Sandri, por sua vez, ainda tinha Rafael Cruz, Leandro Smith, Genalvo e Nilson Sergipano, mas quem substituiu Jales foi o volante Ataliba.

Nenhuma das mudanças parecia surtir efeito até o lance mais emocionante (?) do duelo. O juiz Márcio Eugênio Meira Wrong prometeu jogo até os 46, mas, já aos 49, Elicarlos chutou de bico da meia-lua, a bola bateu na canela de Rancharia, ricocheteou no rosto de Marabá e voltou para a área. Juninho pulou para tentar tirar de soco, mas trombou com Ataliba no meio do caminho. Nisso, a bola desvia na bunda do impedido Adriano Louzada e morre no fundo das redes.

Então, com o placar empatado em 3x3 e as arquibancadas completamente vazias, termina o pior clássico da história do futebol mineiro. E que fique claro que esta é uma aberração futebolística tão grande que a equipe do Jornalheiros Esporte Clube deseja que JAMAIS aconteça de verdade.

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ATLÉTICO
Edson (Juninho); Diego Macedo, Nem, Adriano Gol Contra (Rancharia) e Calisto; Walker, Rolete, Gedeon e Bilu; Jales (Ataliba) e Galvão. Téc.: Lori Sandri.
Reservas não utilizados: Rafael Cruz, Leandro Smith, Genalvo e Nilson Sergipano.

CRUZEIRO
Andrey Cambalhota; Jancarlos, Argel, Espinoza e Patrick (Gerson Magrão); Bruno Quadros, Marabá, Leandro Bonfim e Bruno Soneca (Adriano Louzada); Wando (Elicarlos) e Robert. Téc.: PC Gusmão.
Reservas não utilizados: Alexandre Fávaro, Vítor, Eliézio e Fernando Miguel.

Gols: Bilu (20’ 1T), Adriano (GC 25’ 1T), Gedeon (42’ 1T), Galvão (7’ 2T), Adriano (GC 19’ 2T) e Adriano Louzada (49’ 2T).

1 comentários:

Danilo de Castro disse...

Nesta épica partida, quem ganhou o prêmio de melhor em campo foi o senhor Nivaldo: "O FABULOSO VENDEDOR DE PICOLÉ"! Conquistou a excelente marca de 12 picolés de chuchu vendidos e "adoçou" o humor de quem assistiu ao jogo!

3 de dezembro de 2011 às 18:26

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