sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Mais macho que muito homem!

Os deuses do futebol que me perdoem se eu estiver falando bobagem – e provavelmente estou –, mas o desempenho recente da Seleção Brasileira de Futebol Feminino me lembra um pouco o da Associação Desportiva São Caetano no começo dos anos 2000. Calma, não estou cornetando ninguém. Ainda vou chegar nessa parte.

Voltando e refrescando a memória: o São Caetano, que hoje disputa a segundona do Brasileirão, é um clube do ABC paulista que assombrou todo mundo na primeira metade da década. O time podia não ser um esquadrão – e estava longe de ser –, mas era capaz de mandar muito clube grande pra casa – que o digam Fluminense, Palmeiras e Grêmio, eliminados na fase final da Copa João Havelange (campeonato nacional de 2000). Veio a decisão com o Vasco e... vice (confusão com o acidente no alambrado do estádio de São Januário à parte).

Em 2001, a melhor campanha da primeira fase, eliminou Bahia e Atlético-MG no mata-mata, enfrentou o Atlético-PR na final... e bi-vice.

Mesmo sem chegar ao título, as duas campanhas representavam um feito e tanto para o azulão, que se classificaram para a Libertadores duas vezes seguidas. Em 2001, foram eliminados pelo Palmeiras nas oitavas-de-final. Mas 2002 reservou a grande surpresa: primeiro lugar no grupo, despachou Universidad Católica, Peñarol e América do México, chegou à final contra o Olímpia, venceu o jogo de ida no Paraguai... e perdeu nos pênaltis no Pacaembu. Tri-vice.

Resumindo, o São Caetano era o time que jogava o melhor futebol do país, mas amarelava nas decisões. O que nos leva, novamente, às meninas do Brasil (não tô cornetando, mas tá quase).

Só que, no caso da Seleção Feminina, o segundo lugar não é um vexame tão grande. Quer dizer, continua sem nenhum título de expressão mundial, mas pra quem recebe pouquíssimo apoio dos dirigentes, da torcida e da imprensa, pra não falar em apoio financeiro, já é uma seleção de vencedoras só de ter chegado ali.

Mais merecedora de aplausos do que muito marmanjão da sub-20 e da principal (agora sim: FOOOOOOM!).

Venciam até os 42 do segundo tempo, até tomarem o gol de empate. Mas não desistiram, apesar das evidentes limitações físicas, e continuaram buscando o gol – ainda que à base de chutões para frente e apostar tudo em jogadas individuais.

Disputaram o Pan sem Marta e Cristiane, que são duas das melhores jogadoras do mundo, e fizeram o dever de casa. A Seleção Masculina, que tinha seus principais atletas à disposição no último torneio sério que disputou (a Copa América), fez um jogo sofrido atrás do outro e conseguiu ser eliminado pelo fraquíssimo Paraguai nos pênaltis, perdendo todas as cobranças.

E a lateral-direita Maurine, que perdeu o pai durante a competição e buscou a medalha de ouro até o fim, mostrou muito mais garra e vontade de vencer do que muito jogador da sub-20, que não conseguiram sequer passar de fase.

Sem falar que nenhuma atleta nossa usa penteado diferente e nem chuteiras coloridas. Vão para o campo para jogar futebol, não para se exibir.

Quer saber? Além de vencedoras, são mais macho que muito homem...

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