domingo, 13 de fevereiro de 2011

“Crônica F.C.” – Não precisava ser assim... (III)

Terceiro e último da série, assim espero.



Algo que me impressiona no mundo do futebol é a rapidez com que certas reviravoltas acontecem.

Hoje é dia 13 de fevereiro de 2011. Há exatos onze dias, o Corinthians foi à Colômbia para enfrentar um desconhecido clube local e, conforme se esperava, apenas confirmar presença na fase de grupos da Libertadores. Já sabemos que o esperado não aconteceu. O problema é o que houve depois...

Primeiro de tudo: é desnecessário falar da decepção que uma torcida sofre quando vê seu time sendo eliminado de um torneio tão importante. No dia seguinte, os corintianos de verdade estavam quietos em casa, achando que o ano tinha acabado. E, enquanto isso, uma meia dúzia de BANDIDOS fantasiados de torcedores atirava pedras em ônibus, saía no braço com a polícia, quebrava carros de jogadores e destruía o CT. Tudo isso porque o “clube do coração” (ênfase nas aspas, por favor) deles perdeu um jogo. Ah é, e ninguém foi preso.

Mais três dias e vem o clássico com o Palmeiras, num Pacaembu dominado pelo verde. Os medalhões do time, com as cabeças postas a prêmio, não passaram nem perto do gramado. Pelo menos não ficaram com calo na vista, vendo o alvinegro vencer por 1x0 num jogo horroroso.

Eles também não estiveram presentes na reestreia de Liédson, contra o Ituano. Nem 7 mil pessoas viram o time vencer por 4x0. E, enquanto isso, os tais bandidos citados anteriormente – que, se fossem torcedores mesmo, estariam lá no meio dos 7 mil – preferem ameaçar o lateral Roberto Carlos e sua família.

Nada disso precisava ser assim. Muito menos o que veio a seguir. Nada disso precisava tomar a dimensão que tomou.

Acabou que, em menos de duas semanas, o time que poderia ser campeão da Libertadores ruiu.

Ok, não existem jogadores maiores que os clubes, nem empregos vitalícios no futebol. Mas não é certo ignorar deliberadamente a contribuição de certos atletas para com as instituições por causa de um ou outro evento, por mais catastróficos que sejam.

Roberto Carlos, com 38 anos nas costas, foi o melhor lateral-esquerdo do último Brasileirão e continuava entre os melhores do país. Em pouco mais de um ano, jogou 64 partidas pelo Corinthians e marcou 5 gols – números importantes se levarmos em consideração a idade do jogador. Mas nada disso parecia importar quando ficou de fora do jogo contra o Tolima. Daí, surgem as já citadas ameaças e, quando ele aceita uma proposta milionária do futebol russo, aparece jornalista falando que a saída se deu pelo dinheiro, como se o indivíduo não fosse rico o suficiente e não temesse pela sua segurança.

Ronaldo se acostumou a resolver partidas durante toda a sua carreira, e foi fundamental na conquista da Copa do Brasil em 2009. Foi só não resolver o jogo contra o Tolima que, por isso, mal podia sair na rua sem ouvir desaforos. De repente, já não era mais o jogador que ensinou ao Corinthians a valorizar sua marca. Chegou num nível que não agüentou nem as dores no corpo e nem as cobranças da torcida – preferiu se aposentar. Forma física à parte, não era o final de carreira que o Fenômeno merecia.

No fim das contas, um dos principais jogadores corre o risco de sair (Bruno César), dois já pularam fora pra valer e, com eles, provavelmente devem ir embora cerca de 50% da renda do Timão.

Lógico que eu, que torço pra outro time, não tenho nada com isso, mas tenho um recado pra você, corintiano, que exigiu as saídas de Roberto Carlos e Ronaldo. Imagine-se como um dos maiores jogadores da história do futebol mundial, dependendo do Danilo pra armar as jogadas e do Leandro Castán pra proteger a defesa. Ah, e sendo treinado pelo Tite. Deu certo? Não, né? Então agora se vira com o Liédson sem companheiros ou reservas decentes e com o Fábio Santos na lateral =)

A eliminação precoce na Libertadores poderia não ser o fim do mundo. Mas a falta de controle e a pressão proveniente disso, sim.

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