segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Crônica F.C." - Arsène Wenger, os eternos meninos e a derrocada























À esquerda: O capitão Cesc Fàbregas, meia espanhol, de 23 anos.
Em cima: O velocista atacante inglês, Theo Walcott, de 21 anos.
Em baixo: O polivante meio-campista inglês, Jack Wilshere, de 19 anos.




Para muitos antropólogos e estudiosos do assunto, o termo “cultura” significa o resultado de tudo aquilo que é apreendido durante a vida em sociedade, ou seja, independente de princípios ou fatores biológicos. No caso do futebol, o mundo dos treinadores exemplifica bem esta definição de Edward Tylor. Nos gramados brasileiros, vimos um costume bastante distinto com relação ao futebol europeu. Trata-se da ciranda dos técnicos. Recentemente, a última grande vítima foi Adilson Batista, ex-Cruzeiro e Corinthians, demitido pelo Santos. Com apenas 11 jogos e somente uma derrota, a diretoria, sob pressão da torcida, o coloca para fora e abandona todo um projeto, sem pestanejar. É fato que não demorará tanto e ambos caçarão novos rumos... Adilson com sua nova casa e o Santos com seu novo professor. Natural do futebol brasileiro. Como de praxe.

Já nos principais campeonatos europeus, percebemos que um projeto a longo prazo é a marca dos principais clubes. O estado de paciência já está enraizado nos costumes deles. É uma cultura. Não será um tropeço hoje ou amanhã que definirá o futuro do técnico. Um dos principais exemplos disso vêem da Premier League... Alex Fergunson? Não. Desta vez, trata-se do francês Arsène Wenger.

15 anos de casa é para poucos. Wenger é o treinador da equipe profissional do Arsenal desde 1996. De lá para cá, foram três Campeonatos Ingleses, quatro FA Cup e um vice-campeonato europeu em 2006. O desempenho em si não foi tão surpreendente assim, mas a influência que o francês obteve, revolucionando o modo de jogo dos Gunners e impondo um estilo técnico e tático bem diferente da história do clube, acabou conquistando os torcedores do time londrino.

Porém, nos últimos anos, o treinador vêem sendo marcado pelo seu hábito de pinçar novos talentos em países periféricos e investir nas categorias de base para montar um time jovem, viril e cheio de talento. Mas a fórmula não está dando certo há anos. Muitos títulos passaram perto das mãos do Arsenal e a torcida os viu irem embora devido a falta de experiência e poder de decisão da equipe. Em 2011, tivemos mais um exemplo disso.

No último domingo, o Arsenal conseguiu o feito de perder a FA Cup para o modesto Birmingham City, em pleno Wembley lotado, quebrando uma série de quase 50 anos sem um título de expressão dos Blues. Um feito incrível para os padrões ingleses. O “belíssimo” futebol praticado pela equipe vermelha na temporada, levava a crer que o festival de gols estava garantido. Santa ilusão. Mais uma vez, a frustração tomou conta dos torcedores dos Gunners e o jejum de seis anos sem ganhar nada continua mais vivo do que nunca.

Esta incrível final explicita o equívoco que Arsène vêem cometendo sob o comando dos Gunners há algum tempo. Eternas promessas surgem e desaparecem constantemente nas mãos do francês. Entra ano e sai ano, o time londrino é sempre credenciado como um dos favoritos aos títulos que disputam e fonte de aposta de muitos torcedores. O “dessa vez, vai” já virou rotina no Emirates Stadium. Com um futebol talentoso, criativo, bonito e eternamente promissor, o Arsenal entra para as temporadas sempre com a esperança de transformar todos estes atributos em eficiência. Mas o time está muito, muito longe de virar um novo Barcelona. Promessas e aspirantes a craque não param de se multiplicar no Arsenal. “Robinhos” e “Diegos” dominam o elenco. Fábregas, o eterno futuro melhor do mundo, Walcott, o para sempre menino (nem tão menino mais assim) prodígio. Rosicky idem. Arshavin, o ex-craque... São mais alguns exemplos da legião de jogadores que rondam as páginas da história do Arsenal.

Até quando os torcedores se satisfarão com algumas belas partidas, pedaladas, voleios e futebol arte? Será apenas isso que ganha jogo, ou melhor, títulos? Pelo andar da carruagem, terão que esperar até o fim de 2014 (ano do término de contrato de Wenger) para que a glória volte a reinar pelas bandas do Emirates...

2 comentários:

Matheus Killer disse...

O Arsenal não vai a lugar algum enquanto não tiver pelo menos um jogador excepcional. Lógico que o time tem bons jogadores (do contrário não seria o segundo colocado na Premier League), mas um Fábregas não é um Xavi, um van Persie não é um Robben, um Walcott está longe de ser um Rooney e um Arshavin não é nem um Arshavin de dois anos atrás.

Arsène Wenger ainda é um bom treinador, mas precisa rever alguns conceitos. Nada contra apostar em times de garotos (tá aí o Santos de Neymar e Ganso, e anteriormente de Diego e Robinho), mas, sabendo-se que o último título dos Gunners foi em 2005, alguma coisa TEM de estar errada. Será que a falha ridícula no gol do Birmingham, que não acontece nem nas peladas do JEC, teria acontecido se pelo menos UM jogador melhor e mais experiente na defesa? Será que o Wenger não prefere ter pelo menos um atleta com alto poder de decisão no elenco além do van Persie, e que de preferência não passe tanto tempo machucado?

Acho que dá pra ganhar algumas partidas jogando bonito sim, nobilíssimo Gabriel. Mas campeonatos, não tão cedo.

1 de março de 2011 às 20:59
Gabriel Gama disse...

O time do Arsenal é muito bom tecnicamente, nobilíssimo Matheus. hehehe

O que falta, é o que vc mesmo falou... Uma mescla de experiência e juventude. Não adianta ter um talentosíssimo Nasri, uma jóia rara que é o Fábregas e ter um inexperiente goleiro com uma dupla de zaga jovem de mais a sua frente...

Arséne Wenger é competente, todos nós sabemos. Mas é que às vezes, ele não aceita que suas ideias possam estar equivocadas e a teimosia acaba aparecendo... hehehe

Grande abraço!

4 de março de 2011 às 16:36

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