"Crônica F.C." - Manifesto capitalista
Ontem, estava confabulando com meu nobre companheiro de blog, Guilherme Pedrosa, sobre o que falaríamos nos primeiros “posts” do Jornalheiros F.C. Confesso que faltou imaginação, simplesmente não consegui ver nada intrigante, tentei um Pink Floyd para servir de inspiração e... Nada. Até que, a minha costumeira viagem pela internet, me remeteu a assunto muito pertinente. As ”montanhas de dinheiro” que o futebol oferece.
Segundo o tablóide inglês “The Sun”, o avançado Zlatan Ibrahimovic, do Barcelona, foi seduzido pela proposta mais indecente já vista no esporte. Um contrato de quatro anos no valor total de 96 milhões de libras (R$ 264 milhões)! Simplificando, R$ 5,5 milhões de reais por MÊS. O responsável por essa fábrica de dinheiro é o mutimilionário, Mansour bin Zayed Al-Nahyan, dos Emirados Árabes, presidente do Manchester City. Não satisfeito com os laterais Aleksander Kolarov e Jerome Boateng, os meias Yaya Touré e David Silva e o atacante Mario Balotelli, recém-contratados pelo time inglês, os “Citzens” ainda ambicionam o artilheiro sueco. Ninguém é louco de recusar uma oferta destas, não é? Mas parece que Ibra é insano mesmo. A quantia não foi “suficiente” para seduzir o atleta para o futebol inglês. Tudo bem, jogar com Messi, Xavi, David Villa, Iniesta, entre outros é mais fácil, além de que, se transferir para um time emergente e em formação, como o City, seria um regresso. Todavia, não nestas circunstâncias, não acham?
Teoricamente, os altos salários no mundo do futebol promoveriam mais competitividade dos atletas nos campos, mas não é o que acontece. Há alguns meses atrás, me deparei com uma notícia, no mínimo, impressionante. O atacante Washington tinha perdido espaço no São Paulo, na época, comandado pelo técnico Ricardo Gomes, e insatisfeito com a reserva, disse que estava “desmotivado” e infeliz para jogar. Ora, convenhamos, como um atleta que joga uma, duas vezes por semana, e ganha mais de 100 mil reais por mês consegue ficar desmotivado? Muitas vezes, jogadores ficam meses em inatividade, devido a lesões, e continuam ganhando demasiadamente. O pior é que ainda existem técnicos que “poupam” seus atletas de jogos, alegando cansaço. Como? Eles só fazem jogar bola!
Voltando as transações mirabolantes do futebol, outra “bomba” desta semana é a possível ida do garoto Neymar, para o Chelsea-ING por R$ 67,5 milhões de reais, segundo o pai do atleta, selaria a sua independência financeira (se é que já não está). Como um jovem de 18 anos, oriundo de classe menos favorecida, em menos de um ano pode se tornar um dos mais ricos do planeta? Isso, nem loteria proporciona!
Desde o advento dos ideais capitalistas e do pensamento neoliberal, as conseqüentes desigualdades sociais surgiram como um empecilho no novo sistema vigente. O futebol é apenas uma representação deste problema crônico mundial, que mesmo com a forte recessão econômica, continuava e permanece prosperando. Estes contratos exorbitantes são possibilidades de ascensão social para muitos jovens de baixa renda e servem como um alento, frente a uma realidade sem perspectivas.
Já dizia Karl Marx que, no capitalismo, tudo vira mercadoria. E é exatamente o que ocorreu com o futebol. Há décadas atrás, os jogadores eram admirados pelos seus times, estabeleciam vínculos sinceros, recebendo salários “dentro dos padrões”, não enriqueciam à custa das ilusões da grande massa. Basta o futebol deixar de ser mercadoria e uma confluência de interesses, que estrelas do esporte deixarão de ganhar quantias inimagináveis.
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